Zé Ramos MAIS DE MEIO SÉCULO DE POLÍTICA. Isto é servir! (Primeiro Capítulo)

Zé Ramos MAIS DE MEIO SÉCULO DE POLÍTICA. Isto é servir!

(Primeiro Capítulo)

No último dia 20 de deste mês de março, celebrar-se-ia o nonagésimo sétimo aniversário de nascimento do nosso pranteado e inesquecível Zé Ramos – José Ramos de Souza. Fiz uma pequena incursão no Facebook fazendo menção a essa data comemorativa e prometi que faria publicar uma forma de seriado da trajetória de vida pública desse homem; não se trata de biografia – seria muita pretensão de minha parte, pois além de requerer bastante pesquisa e outros senões que não me parece conveniente citá-los – o objetivo é levar ao conhecimento público mais alargado, dos mais jovens principalmente, quem e o que fora o homem público José Ramos de Souza.

Valho-me, na oportunidade, de um relato que fizemos para homenageá-lo no seu septuagésimo sétimo aniversário, há exatos vinte anos, parte deste relato transcrito e, por vezes, adaptado à necessidade de hoje.

Fiz questão de publicar somente hoje visto Zé Ramos ter nascido exatamente num dia 20 de março de 192100-calendario-ano-1921-mes-marco, um Domingo de Ramos – celebrado pela Igreja Católica – e que, por certo, determinara a composição do seu nome, dado que não era nome familiar. Além do que, lembro-me bem, era ele devotadíssimo ao Domingo de Ramos e não faltava à missa nesse dia, por nada na sua vida.

Nominei este seriado de Zé Ramos MAIS DE MEIO SÉCULO DE POLÍTICA. Isto é servir!

Aqui vai ipsis litteris o que nós, seus amigos e liderados, fizemos publicar naquel’época.

MEIO SÉCULO DE POLÍTICA. Isto é servir!

 No dia 20 de março de 1921, ainda em Soure- outrora Natuba-, hoje Nova Soure, nascia um menino predestinado, um líder, um servidor, um amigo. Seu nome: José Ramos de Souza. Para uns simplesmente Zé Ramos; para outros Seu Zé; para outros “Zé Bonitinho”. Hoje, quando se comemora seu 77º aniversário, os seus amigos fazem publicar um breve relato de sua vida política para presenteá-lo e, mais que tudo, para reconhecerem sua dedicação em servir.

Parabéns Zé Ramos!!!! Saúde! Que o Bom Deus continue lhe iluminando e lhe dando forças para servir!

É tudo que podemos lhe oferecer neste momento.

 Seus amigos, seus admiradores, seus liderados

 Nova Soure, 20 de março de 1998 1-zeramoNOVINHO

 Nascido de pais pobres, João Professor e D. Santinha, nas terras da Taboas na confluência da Estiva como o Barro Branco, exatamente na Santa Rosa, em Soure – outrora Natuba – hoje Nova Soure, no início da década de 20. Foi menino como qualquer outro, brincou, estudou e cresceu. Sua escola foi, basicamente, sua própria casa — contava com um pai professor. Experimentou os trabalhos da roça, desde a limpeza de pastos e brejos, incursando pelo trabalho de aragem de terras, “chamar bois”, promoveu-se a “carreiro” e seguiu adiante na sua caminhada. Foi representante de laboratório, auxiliar de construtor (construção civil), gerenciou serviços na “fazenda do Estado” (campo de sisal), trabalhou nos serviços da contabilidade municipal, ingressou no Judiciário como serventuário do Cartório dos Feitos Cíveis, onde se aposentou na década em que estamos.

Ainda imberbe já participava de um grupo político, n’aquela época liderado pela figura ímpar do Monsenhor Antonio da Costa Gaitto — Padre GaittoPe ACGaitto um lusitano dos Açores que, pelo desígnio da vida veio a falecer em pleno palanque político no limiar dos anos 50 — e tantos outros como “Seo Juquinha” — o Prefeito desbravador, empreendedor, corajoso, fiel, amigo, José Ferreira da Silva, conhecido por todos como Juquinha de Dona Moça ou, simplesmente, Seo Juquinha 3-Seo Juquinha, representante do clã dos “Ferreira”, família de invejável projeção em Nova Soure; Dr. Manelito — inatacável homem público, dentista de profissão e político por opção, também representante dos “Ferreira”, Dr. Emmanoel Ferreira da Silva, a quem Zé Ramos teve a felicidade de suceder por duas vezes (1958 e 1966); José Moreira de Carvalho — Zé Pequeno de Sinhá, líder e representante do povoado de São José do Paiaiá; Ramiro Vieira (junquense de origem), ex-prefeito no quadriênio 1950-1954; RamiroGabriel Gonçalves de Souza — grande comerciante e símbolo da fidelidade, seriedade e honradez em um homem; Antonio Anphilófio dos Reis — Tonico Moreira, figura de destaque na política local e, indubitavelmente, seu leal amigo — Zé Góis, funcionário público exemplar, comerciante e companheiro de todas as horas, e tantos outros que seria difícil nominá-los, pela extensão que esta escrita exigiria.

Liderado e verdadeiro amigo do maior político vivo da República, o Senador Antonio Carlos Magalhães[1], 2-a c m que, nos momentos de descontração, carinhosamente lhe trata de “Zé Bonitinho”, amizade que vem de mais de quatro décadas, sempre fiel aos princípios políticos de ambos. Foi amigo do Governador e Senador Luis Viana Filho que lhe devotava admiração e respeito. Atualmente tem como represente do seu grupo, na esfera estadual o imbatível Deputado Otto Alencar (PL)[2] e na área federal o Deputado Jairo Azi (PFL)[3].

Assim começa sua história de homem público.

O PRIMEIRO MANDATO

A prova de fidelidade e humildade.

Sua primeira missão viera em 1958. Tinha a responsabilidade de suceder a Dr. Manelito seu amigo e líder político. Atendendo a apelos de alguns dos vários amigos fora indicado para concorrer ao cargo de Prefeito nas eleições daquele ano.

Não estava pacificado o seu nome como candidato. O poder econômico da época falava mais alto. Tanto que, coerente com a sua história de fidelidade ao grupo político e aos amigos, da humildade permanente, decidiu não participar da convenção partidária da indicação do candidato. Viajara, passando procuração a um amigo mais próximo, Antonio Mendes Novo (Antonio Mendes de Oliveira), para declarar a aceitação da escolha acaso recaísse sobre ele — a legislação partidário-eleitoral da época assim permitia voto dessa natureza. Tomou tal decisão para não chocar seus possíveis concorrentes; era a prova da sua humildade e de lealdade ao grupo e aos amigos.

O homem de poucas letras, mas de muita visão — um verdadeiro “educador”, na essência da palavra!

Via com extrema preocupação o lado social da sua terra. Covinvera com estudantes — filhos de famílias ricas, normalmente — nas idas e vindas à capital da Bahia.

Se deparava com a dificuldades dos muitos jovens que buscavam nele uma ajuda ou um empréstimo com vistas a mudar-se para São Paulo-SP em busca do crescimento e até mesmo da sobrevivência — seus pais já não podiam sustentá-los, já tinham alcançado a maioridade, era necessário buscar seu próprio sustento.

Foi nessa experiência de conviver com todos, agora já os representando, que lhe veio a luminar idéia de fundar um Ginásio em Nova Soure.

Foi uma tarefa dificílima. Viu deflagrada sua idéia em 1961.

Estava fundado o Ginásio Professora Maria Ferreira da Silva, uma extensão da Campanha Nacional de Escolas Gratuitas – a antiga CNEG, WhatsApp Image 2018-03-25 at 8.18.17 PM hoje a conhecidíssima CNEC, Campanha Nacional de Escolas da Comunidade — afastaram o nome gratuidade mas permaneceu a facilidade de o escolar pobre frequentar a escola.

Contara como principais aliados nesta luta muitos amigos, pessoas da comunidade, tais como – aqui para não alongar a listagem, o Tabelião de Notas da então, Antonio Guilherme da Silva – Totonho de Olímpio, Seo Gabriel e muito outros — ; a inesquecível professora Maria de Lourdes Ferreira da Silva (Dona Morena); o Dr. Cardozo Reis — à época advogado recém-formado, hoje Juiz de Direito aposentado, pai de uma Magistrada em atividade — ; Dr. Carmo Biscarde Filho, dentista; Dr. Augusto Castro e Silva, único médico da cidade, Padre Otávio; e tantos outros.

Somente no ano seguinte é que começou a funcionar. Tinha que tomar uma decisão e o fizera, sem pestanejar.Prefeitura do Soure Prédio antigo

Desalojara a Prefeitura transferindo-a para uma garagem que alugara; ali instalara provisoriamente o Ginásio.

Posteriormente transformou um prédio que estava projetado para ser a “cadeia pública” no atual prédio onde funciona o Colégio “Maria Ferreira” como é carinhosamente chamado pela população. Não se contentara com esta primeira etapa e criara o Curso Pedagógico, vindo este a Colação de Grau à sua primeira turma de Professores Primários, em 1970. Eis um exemplo da visão social de um homem, de um “educador” na sua essência.

A SUA SUCESSÃO

Não poderia ser outro o seu sucessor senão o seu líder e amigo. Assim o fizera e entregara os destinos de Nova Soure, já pela segunda vez, a Dr. Manelito. Manelito

Nesse pleito, viera a primeira experiência de defecções no grupo político.

O filho de seu grande amigo e incentivador Zé Pequeno, liderança do Paiaiá — José Prado de Carvalho, Zelitão como era conhecido — pretendia disputar o cargo. Foi uma tarefa difícil; não havia meios de promover uma conciliação no grupo; naquele tempo não existia o cargo de Vice-Prefeito para contemporizar uma chapa de união. Era preciso enfrentar a realidade e optar pelo seu amigo e líder, assim o fizera. Foi uma eleição duríssima, afinal tinha havido quebra de unidade no grupo político deixado por Padre Gaitto, continuado por Seu Juquinha e Dr. Manelito e por ele próprio, Zé Ramos.

Aguardem o próximo capítulo: SEGUNDO MANDATO

[1] Falávamos de uma época em que a situação política da Bahia e do Brasil estava em franca efervescência
[2] Hoje Senador da República, filiado ao Partido Social Democrático – PSD
[3] Falecido ano de 2000 aos 67 anos
Crédito das fotografias ao Acervo de Pinto de Biné ou José Oliveira (via Facebook), exceto a do escudo e insígnia do Ginásio