O repique dos sinos na Matriz bicentenária

Matriz Bicentenária

Neste instante, cinco horas da manhā de 8 de dezembro de 2015, repicam os sinos da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, seguidos do espocar de fogos de artifício e da sempre presente Filarmônica 8 de Dezembro, executando seus dobrados de cunho sacro ou não!

É o anunciar da alvorada no encerramento dos festejos da nossa Padroeira.

O repique dos sinos já não é o mesmo de quando, ainda menino, lá pela década de 1960, tive a graça de ver e escutar a maestria de dois sineiros da minha amizade. Ambos meus colegas de escola e amigos de infância; daqueles que dividiam as alegrias, tristezas, confidenciais e cumplicidades.

O primeiro deles Miguel Luiz da Conceição – Miguel de Zilinho ou Miguel de Miúda ou Miguel de Dundun – era assim nominado por muitos.

Pra mim sempre foi, sempre o é Miguel ou Mestre Migas. Este de idade anterior à minha e já nos tornamos colegas no ensino da Escola Normal, além dos serviços na Prefeitura; das serenatas e comemorações do aniversário do saudoso professor Zé Élio de Pedrito de Cazé (José Élio Costa e Silva) e da incursão no jornalismo estudantil na época de ouro da Educação de nossa querida Nova Soure – quando editávamos e distribuíamos O Jornormal, sempre com a participação do colega de sala Renan de Zé Enfermeiro (Renan Hermes dos Santos), de saudosa memória.

O Jornormal era um periódico escolar, tinha edição mensal e uma tiragem muito pequena. Sua impressão se dava por um mimeógrafo a tinta, gentilmente cedido pelo Pároco de então, nosso queridíssimo Padre Otávio Gonçalves da Silva, o primeiro professor de língua francesa do Ginásio Professora Maria Ferreira da Silva, fundado em 1961 pelo saudoso Zé Ramos (José Ramos de Souza) tendo como entidade mantenedora a CNG – Campanha Nacional de Escolas Gratuitas, depois CNEC – Campanha Nacional de Escolas da Comunidade.

O outro, Francisco Romano de Carvalho ou Rumão de Seu Ricardo da Careteira, de idade bem próxima à minha, colega de sala no Grupo Escolar Dom Pedro I desde e com a Professora Eunice Matos, isto por volta de 1958 em diante.

Era exímio em matemática o Rumão, brincava com os números e nos ensinava quando íamos nos submeter a provas – naquele tempo provas mensais, parciais e finais.

Aprendera o ofício do pai de Jesus Cristo – marceneiro – ele já contava com alguns do ofício na família e os seus pais o levaram a este aprendizado.

Rumão fora meu colega até no curso ginasial; fora trabalhar em São Paulo, retornara em pouco tempo casara, depois viera a falecer, deixando dois filhos. Tenho muitas saudades do colega, vizinho de rua e amigo das brincadeiras de garoto.

Mas os sinos desses dois momentos tinham um repique magistral, empreendido pelos dois sineiros, colegas-amigos, em tempos distintos. Como disse, era uma verdadeira sinfonia sineira.

Os repiques dos sinos eram mais musicais, melodiosos, invadiam os lares como se uma sinfonia fosse; sua sonorização era escutada e apreciada a quilômetros da Matriz.

Havia mesmo melodia naqueles repiques.

Os sinos eram originais ainda; todos nos deliciávamos ao ouvi-los, era uma verdadeira festa aos nossos ouvidos!

Hoje um dos sinos, o da marcação (o de tom grave), está com a sonoridade como que fanha; sofrera uma pequena fenda em sua borda, está quase surdo, destoante mesmo!

Ora, mas são os sinos originais da nossa Matriz, estão lá da mesma forma de quando chegaram e foram instalados na sua torre!

Atravessaram no mínimo dois séculos sempre a invadir os lares dos novassourienses nestes momentos de ‪‎alvorada da festa de Nossa Senhora da Conceição!

Rumão, onde você estiver toque auqeles repiques para que o Pai celestial e os anjos ouçam com alegria e façam chegar a melodia envolvente de outrora até meus ouvidos!

Miguel, mestre Migas, Miguel de Dundun, sonho em ainda escutar um repique desses sinos, mesmo sem aquela melodia que nos encantava a todos, sob sua maestria e execucāo!

Está lançado o desafio.

Lhe espero nos festejos de 2016 !

Recordando meus passos de idas à Igreja, a cada 8 de Dezembro, entre 1958 e 2015.

Tonho do Paiaiá (Antonio Mário Bastos)

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